Não, o vídeo que vão ver em seguida não é de um "mini Barça" ou daquele tipo de vídeos que circulam pela Internet em que miúdos jogam como homens.
Estou inserido numa escola de futebol, onde se prioriza a aprendizagem de conteúdos (o conhecimento do jogo) e onde todos têm oportunidade de competir. Esta é uma equipa de meninos "reais", não existindo qualidades técnicas incomuns, e onde alguns deles se encontram neste momento numa fase de iniciação à competição. Existe no entanto uma enorme vontade de aprender e de trabalhar, e mais que tudo, uma cultura de querer ter a bola.
Neste momento em treino, já foram abordados os 3 primeiros princípios específicos defensivos e os dois primeiros ofensivos, encontrando-nos neste momento a explorar em treino o 3º ofensivo (a mobilidade.
Fica então alguns excertos do jogo deste fim-de-semana, onde estivemos predominantemente em processo ofensivo (peço desculpa pela qualidade da filmagem, mas não existia nenhum ponto elevado neste campo, sendo as bancadas ao nível do solo). Somos os laranjas:
Percebem-se algumas ideias gerais do nosso jogo:
- Privilegiar a posse, predominantemente em toque curto, em todo o campo;
- Envolvimento de um grande nº de jogadores nas acções ofensivas, procurando situações de superioridade;
- Envolvimento de um grande nº de jogadores nas acções ofensivas, procurando situações de superioridade;
- Tentativa de jogar dentro, onde existem maiores possibilidades;
- Defendemos zona com um bloco alto, reagindo forte à perda, procurando recuperar na zona da bola;
- Incentivo às acções técnicas individuais!!!
Situações como a que acontece no minuto 2:54 (perda de bola à frente da área resulta em golo adversário), provavelmente continuarão a acontecer no futuro, porque não vamos bater longo quando pressionados. E como é que é possível melhorar? Em treino pois claro. Nos treinos existe uma regra que se aplica a todos os momentos da sessão, se alguém bater longo, sem sentido, é marcada uma falta no lugar onde isto aconteceu. Isto não quer dizer que a bola não possa sair do solo, pode claro! Mas só pode se for em passe, e se tiver um colega como destino. Com os "cruzamentos" igual, todos eles têm de ser um passe direccionado para um colega específico e não para a área só porque sim. Isto porque bater bolas é para os preguiçosos, para aqueles que não querem pensar em quem é que vão colocar a bola.
Um grande número de jogadores envolvidos nas acções ofensivas é sinónimo de mais linhas de passe ao portador, permite maior segurança na posse. Como consequência permite que a seguir à perda, se tenha muita gente perto da bola, procurando recuperá-la onde a perdemos. Esta segurança permite que possam ser tentadas acções técnicas individuais com relativa confiança, porque de seguida vamos ter muita gente outra vez para recuperar a bola, e se o adversário bater? Melhor, jogamos lá atrás à vontade e com o nosso Guarda-Redes a dar-nos superioridade.
Um grande número de jogadores envolvidos nas acções ofensivas é sinónimo de mais linhas de passe ao portador, permite maior segurança na posse. Como consequência permite que a seguir à perda, se tenha muita gente perto da bola, procurando recuperá-la onde a perdemos. Esta segurança permite que possam ser tentadas acções técnicas individuais com relativa confiança, porque de seguida vamos ter muita gente outra vez para recuperar a bola, e se o adversário bater? Melhor, jogamos lá atrás à vontade e com o nosso Guarda-Redes a dar-nos superioridade.
As nossas maiores dificuldades são técnicas, na capacidade de executar, e aqui só evoluímos se experimentarmos de forma tranquila, sem qualquer medo de errar. Já sabemos que a rua não é como antigamente e não vale a pena tentarmos nos desculpar com isso. Portanto a única forma de inverter será nós trabalharmos em treino a técnica individual dos nossos atletas, e isso não é só colocar os meninos cada um com uma bola a fazer fintas. É por exemplo dar-lhes muitas situações de 1x1 se queremos trabalhar fintas específicas, dar-lhe outro tipo de bolas para jogar se queremos trabalhar o controlo da bola, incentivar as situações de finalização (por exemplo dando mais pontos ao golo quando este é feito de uma determinada forma ou zona), etc. Ou então dar-lhes trabalhos de casa, desafiá-los com exercícios que podem fazer na rua, em casa, na escola. E depois mais importante, dar-lhes tranquilidade para eles praticarem isso no jogo, construindo um ambiente favorável para a ocorrência destas acções. E se falhar? Paciência, a seguir vamos recuperar a bola.
Por último, desvalorizar a importância do resultado final. Este terá de ser a consequência de um bom trabalho feito em campo, nunca abandonando o nosso modelo de jogo. Na minha forma de ver, na formação o resultado não é um indicador de performance, mas sim a capacidade de operacionalizar em jogo os conteúdos e ideias trabalhadas em treino.
Termino com aqueles que costumam ser os pontos comuns das conversas pré-jogo:
- O resultado é uma consequência do nosso trabalho, e nunca o contrário;
- A bola é nossa e o jogo para nós tem dois momentos: o momento em que a temos e desfrutamos, e o momento em que a vamos recuperar!
PS. Se quiserem fazer questões acerca do nosso modelo de jogo ou sobre outra coisa qualquer, disponham!
Por último, desvalorizar a importância do resultado final. Este terá de ser a consequência de um bom trabalho feito em campo, nunca abandonando o nosso modelo de jogo. Na minha forma de ver, na formação o resultado não é um indicador de performance, mas sim a capacidade de operacionalizar em jogo os conteúdos e ideias trabalhadas em treino.
Termino com aqueles que costumam ser os pontos comuns das conversas pré-jogo:
- O resultado é uma consequência do nosso trabalho, e nunca o contrário;
- A bola é nossa e o jogo para nós tem dois momentos: o momento em que a temos e desfrutamos, e o momento em que a vamos recuperar!
PS. Se quiserem fazer questões acerca do nosso modelo de jogo ou sobre outra coisa qualquer, disponham!
Boas. Sem duvida muitas boas indicaçoes do seu trabalho. Já agora são miudos de que idade? 2004?
ResponderEliminarEm relaçao ao modelo de jogo pode levantar um pouco o veu.
Obrigado
Sim, são Sub-11.
ResponderEliminarAqui estão apenas os princípios gerais pelos quais nos regemos. Mas se quiser saber algo mais é só perguntar.
Obrigado pelo comentário
Parabéns pelo trabalho! Já trabalhei com escolas de formação e é essencial os atletas compreenderem o jogo é os objectivos da equipa... Como tal, se por vezes o resultado sair penalizado, não é grave neste contexto. Continuação do bom trabalho!
ResponderEliminarMuito bom, parabéns pelo excelente trabalho!
ResponderEliminarFui convidado esta época para adjunto de juvenis para tratar dos treinos mais técnico-táticos. Confesso que me sinto um pouco perdido no sentido de não saber muito bem por onde começar e quando começar. Se me pudesse dar alguns conselhos agradecia. A experiência que eu tenho é apenas de traquinas logo não há muita coisa que possa transferir de um escalão para o outro.
Obrigado.