quarta-feira, 22 de abril de 2015

As ideias da minha equipa!



Hoje partilho o jogo deste fim-de-semana da minha equipa de Benjamins A.
Não, o vídeo que vão ver em seguida não é de um "mini Barça" ou daquele tipo de vídeos que circulam pela Internet em que miúdos jogam como homens.
Estou inserido numa escola de futebol, onde se prioriza a aprendizagem de conteúdos (o conhecimento do jogo) e onde todos têm oportunidade de competir. Esta é uma equipa de meninos "reais", não existindo qualidades técnicas incomuns, e onde alguns deles se encontram neste momento numa fase de iniciação à competição. Existe no entanto uma enorme vontade de aprender e de trabalhar, e mais que tudo, uma cultura de querer ter a bola.
Neste momento em treino, já foram abordados os 3 primeiros princípios específicos defensivos e os dois primeiros ofensivos, encontrando-nos neste momento a explorar em treino o 3º ofensivo (a mobilidade.
Fica então alguns excertos do jogo deste fim-de-semana, onde estivemos predominantemente em processo ofensivo (peço desculpa pela qualidade da filmagem, mas não existia nenhum ponto elevado neste campo, sendo as bancadas ao nível do solo). Somos os laranjas:


 

Percebem-se algumas ideias gerais do nosso jogo:
- Privilegiar a posse, predominantemente em toque curto, em todo o campo;
- Envolvimento de um grande nº de jogadores nas acções ofensivas, procurando situações de superioridade;
- Tentativa de jogar dentro, onde existem maiores possibilidades;
- Defendemos zona com um bloco alto, reagindo forte à perda, procurando recuperar na zona da bola;
- Incentivo às acções técnicas individuais!!!


Situações como a que acontece no minuto 2:54 (perda de bola à frente da área resulta em golo adversário), provavelmente continuarão a acontecer no futuro, porque não vamos bater longo quando pressionados. E como é que é possível melhorar? Em treino pois claro. Nos treinos existe uma regra que se aplica a todos os momentos da sessão, se alguém bater longo, sem sentido, é marcada uma falta no lugar onde isto aconteceu. Isto não quer dizer que a bola não possa sair do solo, pode claro! Mas só pode se for em passe, e se tiver um colega como destino. Com os "cruzamentos" igual, todos eles têm de ser um passe direccionado para um colega específico e não para a área só porque sim. Isto porque bater bolas é para os preguiçosos, para aqueles que não querem pensar em quem é que vão colocar a bola.
Um grande número de jogadores envolvidos nas acções ofensivas é sinónimo de mais linhas de passe ao portador, permite maior segurança na posse. Como consequência permite que a seguir à perda, se tenha muita gente perto da bola, procurando recuperá-la onde a perdemos. Esta segurança permite que possam ser tentadas acções técnicas individuais com relativa confiança, porque de seguida vamos ter muita gente outra vez para recuperar a bola, e se o adversário bater? Melhor, jogamos lá atrás à vontade e com o nosso Guarda-Redes a dar-nos superioridade.
As nossas maiores dificuldades são técnicas, na capacidade de executar, e aqui só evoluímos se experimentarmos de forma tranquila, sem qualquer medo de errar. Já sabemos que a rua não é como antigamente e não vale a pena tentarmos nos desculpar com isso. Portanto a única forma de inverter será nós trabalharmos em treino a técnica individual dos nossos atletas, e isso não é só colocar os meninos cada um com uma bola a fazer fintas. É por exemplo dar-lhes muitas situações de 1x1 se queremos trabalhar fintas específicas, dar-lhe outro tipo de bolas para jogar se queremos trabalhar o controlo da bola, incentivar as situações de finalização (por exemplo dando mais pontos ao golo quando este é feito de uma determinada forma ou zona), etc. Ou então dar-lhes trabalhos de casa, desafiá-los com exercícios que podem fazer na rua, em casa, na escola. E depois mais importante, dar-lhes tranquilidade para eles praticarem isso no jogo, construindo um ambiente favorável para a ocorrência destas acções. E se falhar? Paciência, a seguir vamos recuperar a bola.
Por último, desvalorizar a importância do resultado final. Este terá de ser a consequência de um bom trabalho feito em campo, nunca abandonando o nosso modelo de jogo. Na minha forma de ver, na formação o resultado não é um indicador de performance, mas sim a capacidade de operacionalizar em jogo os conteúdos e ideias trabalhadas em treino.

Termino com aqueles que costumam ser os pontos comuns das conversas pré-jogo:
- O resultado é uma consequência do nosso trabalho, e nunca o contrário;
- A bola é nossa e o jogo para nós tem dois momentos: o momento em que a temos e desfrutamos, e o momento em que a vamos recuperar!

PS. Se quiserem fazer questões acerca do nosso modelo de jogo ou sobre outra coisa qualquer, disponham!

quinta-feira, 16 de abril de 2015

David Luiz e o 1º princípio específico defensivo

Confesso que não vi o jogo PSG vs Barcelona. Ao ver o resumo do jogo, saltou-me à vista este golo, pela facilidade como o defesa é ultrapassado (e não tem a ver com a finta de Suarez).


David Luiz encontra-se numa situação de 1x1 contra Suarez, e este tem em sua vantagem a velocidade a que conduzia, e o espaço nas costas. Segundo os 1º princípio específico defensivo - contenção, David Luiz deveria ter baixo o seu Centro de Massa, acertado sua velocidade com a do portador, e aguentar a posição esperando pela iniciativa do atacante para ai sim, tentar o desarme.
David Luiz passou imediatamente para o desarme, dando o caminho a Suarez.
Tivesse ele parado meio segundo à frente do portador e este ficava numa situação de 1x4.