quarta-feira, 21 de maio de 2014

Transição defensiva ou Organização Ofensiva?

"Deparamo-nos com um que é para mim o mais difícil de trabalhar, o momento de transição defensiva" Aqui por Carlos Carvalhal.

Encontrava-me a vaguear no site pessoal do treinador Carlos Carvalhal (Aqui), que pessoalmente admiro, quando me deparei com esta afirmação.
A transição defensiva é de facto, difícil de treinar, pois exige uma rápida coordenação posicional de toda a equipa, pedindo-se uma rápida recuperação dos jogadores, sendo que segundo os princípios de jogo, se pretende garantir imediatamente a superioridade numérica a defender.
Mas o treino da Transição Defensiva, pergunto eu, não passa em grande parte pela mudança da mentalidade dos jogadores? Ou seja, que estes se predisponham imediatamente após à perda da posse, a posicionarem-se rapidamente, implicando um esforço adicional? Na minha opinião, esta é a maior questão deste momento do jogo, pois quantos de nós já tivemos jogadores/colegas que só corriam com bola ou no momento ofensivo. Passa então em grande parte por um processo de coaching, pois qual será a motivação dos jogadores, após a desilusão de perderem a posse, em fazerem um sprint esforçado para fazerem imediatamente contenção ou uma cobertura?

No entanto, e fazendo um aparte,  a rápida recuperação da posse, acompanha as equipas de topo, ou seja, num estudo realizado na Liga Alemã (link aqui), revela que os 3 primeiros classificados, apresentam menor tempo de recuperação da posse comparativamente com os restantes. Sendo uma associação clara com a probabilidade e quantidade de vitórias.

Contudo  e passando à frente, considero a Organização Ofensiva, o momento mais difícil de treinar, pois não é um processo "linear" como os momentos defensivos, em que é pouco necessário a imaginação/criatividade. Agora em organização ofensiva, encontrando defesas organizadas, e conseguir ter uma série de processos que nos permitam entrar nos espaços entre linhas, jogar no espaço central, desorganizando o adversário e percepcionando e executando rapidamente, requer já criatividade, qualidade técnica individual e uma grande percepção do jogo. Porque o colega até pode aparecer
no espaço certo com as melhores condições, mas se o colega não percepcionou atempadamente ou não executou eficientemente, o perigo já não vai ser criado. Tendo jogadores "criativos" o caso muda de figura.

Por isto acho que é necessário muito mais "engenho" para operacionalizar este momento de jogo, do que todos os outros, por se ter de trabalhar tanto as movimentações pretendidas, como ser necessário que os atletas decidam atempadamente, e este ultimo é um processo que caso se trate do futebol sénior, já devia ter sido passado na formação, e mais moroso de trabalhar enquanto sénior.